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terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Gordura trans: mal a ser evitado

No dia 1º de agosto de 2006 entrou em vigor a norma que obriga os fabricantes a especificarem na embalagem a quantidade de gordura trans contida nos alimentos. A medida determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi festejada por toda a comunidade médica, pois esse tipo específico de gordura faz grande mal à saúde.

"Ela eleva o colesterol ruim (LDL), diminui o colesterol bom (HDL), aumenta a obesidade abdominal e o processo inflamatório no organismo e há um risco maior de desenvolvimento de diabetes", alerta o cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, consultor do Centro de Medicina Preventiva Einstein. Isso tudo pode predispor a um risco muito grande de aterosclerose, que é a formação de placas de gordura, causadoras do entupimento das artérias do coração e do cérebro. "Por isso é muito importante haver a conscientização da população para não consumir esses alimentos", completa o médico. Também há evidências na literatura científica de que o consumo excessivo de gordura trans pode estar relacionado à maior incidência de câncer de mama.

O que é

A gordura trans é um tipo específico de gordura, formado por um processo químico que pode ser:
  • natural: quando ocorre no estômago de animais;
  • industrial: quando óleos vegetais líquidos são transformados em gorduras sólidas com a adição de hidrogênio.
O nome trans é um diminutivo de transverso – ou, mais especificamente, de ácido graxo transverso. A substância é largamente utilizada pela indústria para melhorar o aspecto e a consistência dos alimentos e aumentar sua durabilidade. Mas, encontrada em pouca quantidade na natureza, não é bem digerida pelo organismo. "A verdade é que não fomos preparados para ingerir a gordura trans. Parece haver uma incapacidade do organismo em eliminá-la e ela ficará depositada no corpo", explica o dr. Raul. E não existe nenhum alimento que, quando ingerido, combata a trans ou minimize seus efeitos no organismo; portanto, o melhor é passar bem longe desse vilão.

Onde está

É de grande importância a medida adotada pela Vigilância Sanitária – pois até hoje não era possível saber que alimentos continham ou não a gordura trans. "A rotulagem serve como um alerta para que possamos identificar se esse tipo de gordura está presente nos alimentos e tentar não consumi-lo; se não for possível abolir, que seja consumido com moderação", afirma o dr. Raul. Mas, cada um de nós tem que fazer a sua parte. "Ainda falta o hábito de ler a rotulagem dos alimentos. É preciso incentivar isso", chama a atenção a nutricionista Luci Uzelin, do HIAE .
O ácido graxo transverso foi introduzido pela indústria alimentícia nas margarinas. Hoje, muitas marcas abandonaram esse ingrediente. Mas a gordura acabou sendo muito utilizada em receitas de padarias industriais, em frituras, como os salgadinhos de pacote. "Se você for a um restaurante fast-food ou comer um pastel, por exemplo, provavelmente a fritura será feita com gordura vegetal hidrogenada, que indica gordura trans", alerta o Dr. Raul.
Confira os alimentos que podem apresentar gordura trans:
  • alimentos de fast-food
  • biscoitos (todos, incluindo os tipo de água e sal)
  • margarina (as mais duras e amareladas)
  • maionese
  • pipoca de microondas
  • massas folhadas
  • bolo industrializado
  • sorvete de massa
  • batata frita e outras frituras
  • salgadinhos de pacote
  • sopas e cremes industrializados
  • pratos congelados
  • chocolate em barra e bombons
Sempre suspeite dos alimentos citados acima e preste atenção: se você encontrar, no rótulo de algum produto, a indicação de gordura hidrogenada ou parcialmente hidrogenada, óleo vegetal hidrogenado ou parcialmente hidrogenado, certamente há gordura trans em sua composição. "Quando não tem trans, o fabricante faz questão de avisar", diz o dr. Raul.

Como evitar

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não ultrapasse 1% do valor calórico da dieta. Isso significa que se um adulto consome duas mil calorias diárias, sua ingestão de trans não deve ultrapassar 2g. "Nada é proibido, mas ingira com cautela os alimentos ricos nesse tipo de gordura; caso contrário, você pagará o preço com sua saúde", avisa o médico.
O melhor é que já existem substitutos para a gordura trans. "Um processo chamado 'interesterificação' solidifica os óleos vegetais, sem que eles tenham que ser hidrogenados. Porém, ainda são poucos os alimentos produzidos por esse processo", informa a dra. Luci. Alguns ácidos graxos extraídos do óleo de palma também são bons substitutos da trans.
Nada é proibido, mas ingira com cautela os alimentos ricos nesse tipo de gordura; caso contrário, você pagará o preço com sua saúde
Segundo a nutricionista, outra solução pode ser a escolha de alimentos mais naturais e preparações caseiras. "Desde que não sejam elaboradas com ingredientes que contenham a gordura trans (como algumas margarinas) ou gordura hidrogenada", avisa.
Em casa, ao preparar alguma fritura, prefira sempre os óleos de soja, milho ou canola, muito mais saudáveis. E tome cuidado ao substituir margarina por manteiga. Apesar de ter baixa concentração de ácido graxo trans, a manteiga é riquíssima em gordura saturada e, por isso, seu consumo deve ser moderado. O melhor é procurar margarinas livres de trans.


Referência: Albert Einstein (Sociedade Beneficente Israelita Brasileira)

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